Teatro União de Triunfo, RS

Teatro União de Triunfo, RS
Ano 2003 - Antes da Restauração

CIDADE DE TRIUNFO E SEU PEQUENO TEATRO

Ano de 2003, Reforma e Restauro do Teatro União
Agradecimentos:
Empresa Petroflex, III Polo Petroquímico - Engenheiro Vomar Sergio Ramos de Oliveira,
Prefeitura Municipal de Triunfo - José Ezequiel Meirelles de Souza e Secretaria de Turismo, Cultura e Desporto - Silvia Helena Volkweis
IPHAN - Arquiteto Luiz Antonio Bolcato Custódio,
Arquiteto Paulo Cesa Filho - Consultor, especialista em Restauro
Maristane Teresinha Pasa Figueró, jornalista, artista, escritora, política e incansável amiga.




segunda-feira, 12 de abril de 2010

Pesquisa Histórica Arquitetônica



Prédio colonial constituído de um corpo de planta retangular, um pavimento, cobertura de duas águas, com frontão principal tratado com elementos de origem neoclássicos. Construído com a finalidade própria para teatro, composto de área para palco nos fundos e platéia na frente.
O teatro surgido da criação da Sociedade União, em 1848, com a finalidade exclusiva de promover a educação social e artística do meio, condicionada a manifestações práticas de elevação moral, sem preocupações mercantis. O teatro seria alem de um centro de diversões, escola civilizadora. Fundada a sociedade composta de 29 associados, foi adquirido um velho prédio, que demolido cedeu lugar a construção do teatro. O edifício suficientemente acabado e aparelhado internamente, comportando 400 pessoas, com o número de sócios fundadores coincidindo com o número de camarotes distribuídos em duas ordens em torno da platéia. Da pesquisa e prospecções realizadas conclui-se que o prédio, do teatro, edificado a partir do aproveitamento parcial de uma casa, constituindo-se somente de quatro paredes com planta retangular, telhado de duas águas e frontispício com frontão triangular.



O prédio tem um acréscimo em meia água para camarins, depósito, banheiro, e sanitário público do lado esquerdo da porta em arco até os fundos. Este acréscimo foi incorporado ao prédio, construído ao lado, onde era a estação rodoviária.
Somente pôr volta de 1910, foram construídos os sanitários, acrescentados em meia água coberta de zinco do lado esquerdo, com abertura de vão de porta na parede junto ao palco. Com o uso para clube Comercial, 1940 - foi construído o prédio contíguo para copa do mesmo (1942), sem nenhuma vinculação formal ou estética com o teatro.






Internamente foi acrescentada uma cabina de projeção, quando o teatro passou a ser usado como cinema em 1914 e o palco reformado em 1936, quando perdeu as características originais e de forma reta passou a forma curva. Do tratamento interno e disposição dos camarotes não se conseguiu informações, a ser orais como descrito no histórico, item anterior.
Segundo pesquisa, a disposição de camarotes, platéia e galeria foram feitas em 1910, permanecendo até 1940 conforme esquema.


O embasamento (alicerce) das paredes externas é em pedra cangicada e barro, de pouca profundidade, e os apoios do barroteamento em pilares de tijolos.
Como não houve modificação nas paredes o embasamento não foi alterado.As paredes foram construídas em tijolos, argamassados com barro, salvo a parede lateral esquerda, parte executada em pedra cangicada. As paredes do puxado, sanitários e camarim de 1910, em alvenaria de tijolos argamassados.

As paredes somente foram alteradas para modificação das aberturas, internamente para construção de cabina de projeção (1935). A construção de camarins e sanitários e mais tarde do prédio contíguo, foi em ambas as ocasiões aproveitada a parede lateral esquerda do teatro. As paredes foram amarradas com vigas de ferro em 1897, conforme Marino Josetti de Almeida.
Em 1980, as paredes originais do prédio tiveram as suas lesões corrigidas em execução de cinta de amarração de concreto armado ao nível de 3,90m. As paredes dos sanitários e camarins e cabina de projeções foram demolidas e novas paredes foram executadas na lateral norte dando espaço para corpo de serviço chamado de corpo 2(sanitários masculino e feminino, local camarins com banheiro. As paredes novas foram executadas em alvenaria de tijolos maciços assentadas com argamassa de cal, cimento, areia. A parede divisória do palco foi executada em lambris de madeira tipo calha.
O telhado constituído de madeiramento tipo caibro armado, com telhas tipo canal, galbado (curvatura das extremidades do telhado, que se obtém pelo uso do contrafeito) em beirados laterais em beira-seveira, salvo telhado do banheiro e camarim, incorporados ao prédio contíguo.
O telhado sofreu alteração junto ao frontispício (Fachada principal) pela criação da platibanda e calha e eliminação do pequeno trecho do beirado em beira-seveira, em 1910. O madeiramento do corpo principal foi refeito, mantendo a sua estrutura de caibro armado com aproveitamento das peças em bom estado, substituição do encaibramento, sarrafeamento e ripas, pôr peças bitoladas de eucalipto ou angico tratado em autoclave. O madeiramento do acréscimo foi executado em meia tesoura com sarrafeamento e ripamento nas condições acima para receber telhas canal. O telhado do prédio principal foi refeito com o aproveitamento das telhas existentes, e do acréscimo com telhas usadas.
O frontispício do teatro, com tratamento neoclássico, compõe-se simetricamente com cunhais, envasaduras e frontão derivado do triangular clássico com platibanda sobre o terço inferior das empenas cornijadas. A fachada é ornamentada com uma escultura de águia como pináculo no vértice do frontão e dois coruchéus nas extremidades da platibanda. No centro do tímpano do frontão foi implantados um medalhão composto de moldura circular e máscara no centro. As envasaduras (Base de coluna ou pilastra) compõem de porta central e duas janelas pequenas dispostas simetricamente à porta e ao nível da verga da mesma e um guichê no lado direito junto ao cunhal. Cabe anotar ainda sob a cimalha, a existência de um friso, em cuja extremidade estão gravados, 1848, data de fundação, 1912, data de alteração da fachada. A fachada lateral sul, voltada para a praça compõe-se de pano de alvenaria com três vãos de janelas e entablamento em beira-seveira, tendo junto ao frontão platibanda vazada pôr uma gárgula de laca. A fachada norte, hoje parcialmente dentro do prédio contíguo, apresenta o mesmo entablamento da fachada sul, e a envasadura de duas portas. A fachada posterior compõe-se de oitão liso, com arremate das telhas.
O frontispício foi reformado em 1912, quando foi concluída a modificação do frontão triangular, com o acréscimo de platibanda sobre as empenas, friso sobre a cornija, colocação de ornamentos compostos de coruchéus, medalhão sobre o tímpano, cimalha sobre a porta e colocação de nova porta principal mais alta. A abertura de pequenas janelas elevadas foi executada pôr volta de 1935. As fachadas laterais nesta ocasião foram parcialmente modificadas pela inclusão de platibanda junto do frontão. A fachada sul foi alterada em 1935 com aberturas de vão para colocação de janelas maiores em substituição das pequenas aberturas, elevada de forma variável, segundo foto da época (1924), uma retangular e outra hexagonal, pois segundo informações verbais haviam três janelas hexagonais que foram substituídas pelas atuais.
O revestimento externo em geral é constituído de emboço de barro e reboco de argamassa de cal desempenada com algumas paredes com reboco somente de uma camada de argamassa de cal. O revestimento interno em geral constituído de argamassa de cal. os revestimentos de reboco não foram alterados, somente renovados.
Em 1980, os revestimentos externos das paredes existentes foram recuperados com argamassa de cal desempenados com a substituição de rebocos soltos ou fracos. Os rebocos internos, principalmente da área da platéia foram substituídos pôr rebocos de cimento e areia 1: 3. As paredes novas foram chapiscadas e rebocadas com argamassa de cal e areia peneiradas e desempenadas, exceto os banheiros que foram rebocados com argamassa de cimento e areia 3:1.
O piso da área da platéia, em madeira macho e fêmea 13/2, 5 cm, sobre barroteamento composto em geral de madeira de lei desbastada (tipo cabriúva e angico) e de algumas peças de 8x16 em pinho, apoiadas lateralmente sobre as saliências do embasamento e apoios intermediários constituídos de pilares de tijolos. O piso do palco, elevado com barroteamento de pinho e piso macho e fêmeo de pinho. O piso do camarim e banheiro em cimento alisado, assim como o piso da sala de projeção em cimento alisado sobre a laje de concreto. Rodapés não existem vestígios.
Os pisos originais de madeira foram substituídos pôr madeira macho e fêmea comum, não havendo vestígios dos pisos originais da platéia, palco e camarotes. O vigamento original do piso permanece parcialmente, com a substituição de algumas peças (platéia).
Em 1980, os pisos de madeira foram executados em tabuados de tábuas corridas de angico, cabriúva de largura variável, junta meia madeira. O vigamento do piso foi remanejado com o aproveitamento dos barrotes em bom estado, e as substituições das peças afetadas pôr peças de eucalipto tratado. Tem piso de madeira o vestíbulo, platéia e palco. Os pisos das áreas de serviço (acréscimo) em tijoletas de barro 10x20 em toda a área dos camarins e sanitários assentes com argamassa de cal e areia e cimento sobre contrapiso de concreto de 5cm de espessura.
O forro da platéia em madeira macho e fêmea de pinho 13x12mm, fixos em barroteamento de madeira de lei, diversas bitolas antigas (Cabriúva, canjerana) desbastadas e novas em pinho bitoladas. O forro da sala de projeção em estuque rebocado; do W.C. em tijolo armado e o camarim sem forro. O forro do palco em madeira saia e camisa de tábuas de pinho de 1,5x30cm. O roda-forro em pinho e meia cana junto ao forro.
Da mesma maneira que os pisos, o forro foi totalmente substituído pôr forro macho e fêmea comum, não encontrando vestígio da forma original.
Janelas - constituem-se de dois tipos; janelas pequenas e altas na fachada principal, com caixilho móvel de veneziana e janela com caixilho e veneziana de abrir na fachada sul.
Portas - A porta principal, constituída de folhas de abrir para fora, almofadada, com bandeira móvel em caixilho de abrir para dentro em madeira de lei (Louro). Os marcos maciços. A porta lateral, de vão reto, marcos tipo caixão. A outra porta de vão enfustado e verga curva, com padieira constituída de peça de madeira de lei desbastada. Os marcos e verga de madeira maciça (cabriúva) e folhas tipo calha.
O teatro originalmente não possuía janela (segundo fotos antigas) a não ser pequenas aberturas tipo seteiras na fachada sul e norte (três) vãos abertos sem esquadrias. Acreditamos segundo informações que o teatro tenha tipo originalmente duas portas, uma no centro do frontispício, de verga reta e tipo calha e outra na fachada norte de verga curva. Posteriormente foram abertos os vãos de porta na parede norte uma do palco para o camarim (1910), e outra para a copa do clube (1942). Pôr prospecção encontrou-se vão de porta preenchida na fachada sul, porem não obtivemos informações da época da sua existência e para que tenha servido.
Duas portas principais que data de 1912, em almofada de abrir para fora e bandeira de caixilhos retos de abrir para dentro executada em louro. Porta externa da parede norte em verga arqueada e marcos maciços com folha de abrir tipo calha (não original).
As ferragens originais certamente eram dobradiças de leme e cachimbo e fechadura. As ferragens originais foram substituídas.
Todas as escadas internas construídas toscamente em madeira. A escada que vai do palco para os camarins é de alvenaria de tijolos. Pelo antigo desnível possuía escadaria em alvenaria na porta principal.
Pintura dos rebocos em cal branca; piso óleo vermelho; forro óleo amarelo; janelas e porta principal óleo verde; demais portas cal branca.A pintura original era internamente em cal amarelo ou creme e externamente em cal branca.
A rede elétrica era exposta sobre o forro, quadro de fusíveis de entrada interna. Vestígios de armação de candeeiro de vela de sebo e internamente sem vestígios.
A Instalação sanitária era para o funcionamento de um lavatório e uma bacia sanitária. Em 1980 foi construído o prédio de serviço que abriga sanitários públicos e banheiro para o camarim.
Não existe vestígios de camarotes ou outros móveis fixos. Do mobiliário não obtivemos registros, a ser orais, conforme descrito do seu tipo e disposição no espaço, conforme Marino Josetti a sociedade dissolveu-se em 1913, fazendo cessão de seus bens pôr escritura pública a intendência municipal que conserva em seu salão de honra a luxuosa mobília.
O teatro localizado na esquina da Praça Bento Gonçalves tem em sua frente a implantação da calçada estreita em desnível e obliqúe em relação ao prédio lado esquerdo. O espaço outrora aberto estava ocupado pôr um prédio que desvaloriza e prejudica a Ambientação criada na sua implantação.
O teatro permanece pôr muito tempo como prédio isolado em sua lateral sul para a antiga praça do Mercado, a frente p/rua e a lateral norte para um espaço de terreno que lhe fazia parte. Este espaço aberto permitia um isolamento importante para suas visuais e destaque. Esta situação foi interrompida pela construção da rodoviária em 1942. Em 1980, para o tratamento externo houve a demolição do prédio, onde funcionava em condições precárias a estação rodoviária, e a ocupação deste espaço para a implantação nos fundos, dos serviços de infra-estrutura, sanitários, camarim, etc., em corpo bem mais baixo que o teatro, com os espaços a frente, deixando a fachada norte, livre, o espaço aberto tratado serve para repor a visual do prédio como circulação de saída, acesso a sanitários públicos e camarins. A fim de não interferir e tão pouco prejudicar a visual do prédio nesta área aberta do lado norte, pela criação do corpo de serviço, construiu-se a elevação de parede mural, como anteparo visual.
A Ambientação, composta basicamente do aproveitamento do terreno contíguo e remanejamento da calçada e escadaria da frente para criar uma plataforma de maior largura de acesso. O terreno contíguo criará condições de saída através de área pavimentada e acesso aos sanitários. Escadaria em tijolos maciços, pisos, lajes de arenito. Junto ao muro área com vegetação, manutenção do salso chorão existente e plantio de vegetação baixa nativa.










Reforma de 1980 - Projeto Farroupilha