Teatro União de Triunfo, RS

Teatro União de Triunfo, RS
Ano 2003 - Antes da Restauração

CIDADE DE TRIUNFO E SEU PEQUENO TEATRO

Ano de 2003, Reforma e Restauro do Teatro União
Agradecimentos:
Empresa Petroflex, III Polo Petroquímico - Engenheiro Vomar Sergio Ramos de Oliveira,
Prefeitura Municipal de Triunfo - José Ezequiel Meirelles de Souza e Secretaria de Turismo, Cultura e Desporto - Silvia Helena Volkweis
IPHAN - Arquiteto Luiz Antonio Bolcato Custódio,
Arquiteto Paulo Cesa Filho - Consultor, especialista em Restauro
Maristane Teresinha Pasa Figueró, jornalista, artista, escritora, política e incansável amiga.




quarta-feira, 21 de abril de 2010

Estilo Colonial ou Luso-brasileiro colonial

Comentando um pouco sobre Arquitetura

A cultura em Triunfo é açoriana mas a arquitetura é portuguesa.

As edificações açorianas são as mesmas presentes na porção continental de Portugal.
O português colonial tem suas particularidades. Nos núcleos urbanos, os lotes eram estreitos e compridos, com uma grande profundidade. As construções ficavam alinhadas à rua e, por segurança, eram geminadas - grudadas umas nas outras -, configurando um contínuo correr de casas semelhantes. A maior parte das casas era térrea, mas também existiam os sobrados: edificações de dois pavimentos, sendo a parte inferior utilizada para o comércio. O telhado, na maior parte das vezes, eram duas águas: duas faces, uma voltada para frente do terreno e outra para os fundos. Poucas tinham quatro águas. As construções rurais eram geralmente maiores que as urbanas.

Alguns elementos construtivos chamam a atenção, como os acabamentos dos telhados. Entre eles estão o Beira-seveira - telhas superpostas que funcionam como prolongamento do telhado - e o peito de pombo, acabamento mais comum nas construções rurais.
A maioria das casas era branca com as janelas e portas pintadas com cores vivas. As janelas possuíam apenas madeira. O uso do vidro já mostra uma evolução e maior poder aquisitivo.
Abaixo, as fotos ilustram uma arquitetura bem simples com a utilização de madeira, ferro, barro, argamassa em cal e areia, etc..


Dobradiças, trancas e fechaduras em ferro

























































Sistema construtivo utilizando a madeira como vigas, rodapés largos geralmente 20cm, proteção de paredes na altura do encosto de cadeiras, candeeiros na fachada como iluminação pública

Portas internas






















Com almofadas, macho e femea ou vidros, sempre com entablamento, característica da época


Portas externas






















Entablamento das Portas em madeira de lei.
Geralmente pintadas em cor diferente da esquadria.













Sistema de tranca para portas e janelas bastante utilizado


Pisos










Tábuas corrida, enceradas ou grossas lajotas cerâmicas


Móveis geralmente vindos da Inglaterra ou Itália





























Móveis final do século XIX em exposição no museu de Triunfo.

Janelas












Em madeira macho e femea abrindo para interior,













Com a utilização do vidro localizado na parte externa.

Púlpitos


















Portas e Janelas de Púlpito que se abrem para uma sacada própria

Forros


















Sempre estilo saia-camisa, formando desenhos ou colocados em tábua corrida simples.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Pesquisa Histórica Arquitetônica



Prédio colonial constituído de um corpo de planta retangular, um pavimento, cobertura de duas águas, com frontão principal tratado com elementos de origem neoclássicos. Construído com a finalidade própria para teatro, composto de área para palco nos fundos e platéia na frente.
O teatro surgido da criação da Sociedade União, em 1848, com a finalidade exclusiva de promover a educação social e artística do meio, condicionada a manifestações práticas de elevação moral, sem preocupações mercantis. O teatro seria alem de um centro de diversões, escola civilizadora. Fundada a sociedade composta de 29 associados, foi adquirido um velho prédio, que demolido cedeu lugar a construção do teatro. O edifício suficientemente acabado e aparelhado internamente, comportando 400 pessoas, com o número de sócios fundadores coincidindo com o número de camarotes distribuídos em duas ordens em torno da platéia. Da pesquisa e prospecções realizadas conclui-se que o prédio, do teatro, edificado a partir do aproveitamento parcial de uma casa, constituindo-se somente de quatro paredes com planta retangular, telhado de duas águas e frontispício com frontão triangular.



O prédio tem um acréscimo em meia água para camarins, depósito, banheiro, e sanitário público do lado esquerdo da porta em arco até os fundos. Este acréscimo foi incorporado ao prédio, construído ao lado, onde era a estação rodoviária.
Somente pôr volta de 1910, foram construídos os sanitários, acrescentados em meia água coberta de zinco do lado esquerdo, com abertura de vão de porta na parede junto ao palco. Com o uso para clube Comercial, 1940 - foi construído o prédio contíguo para copa do mesmo (1942), sem nenhuma vinculação formal ou estética com o teatro.






Internamente foi acrescentada uma cabina de projeção, quando o teatro passou a ser usado como cinema em 1914 e o palco reformado em 1936, quando perdeu as características originais e de forma reta passou a forma curva. Do tratamento interno e disposição dos camarotes não se conseguiu informações, a ser orais como descrito no histórico, item anterior.
Segundo pesquisa, a disposição de camarotes, platéia e galeria foram feitas em 1910, permanecendo até 1940 conforme esquema.


O embasamento (alicerce) das paredes externas é em pedra cangicada e barro, de pouca profundidade, e os apoios do barroteamento em pilares de tijolos.
Como não houve modificação nas paredes o embasamento não foi alterado.As paredes foram construídas em tijolos, argamassados com barro, salvo a parede lateral esquerda, parte executada em pedra cangicada. As paredes do puxado, sanitários e camarim de 1910, em alvenaria de tijolos argamassados.

As paredes somente foram alteradas para modificação das aberturas, internamente para construção de cabina de projeção (1935). A construção de camarins e sanitários e mais tarde do prédio contíguo, foi em ambas as ocasiões aproveitada a parede lateral esquerda do teatro. As paredes foram amarradas com vigas de ferro em 1897, conforme Marino Josetti de Almeida.
Em 1980, as paredes originais do prédio tiveram as suas lesões corrigidas em execução de cinta de amarração de concreto armado ao nível de 3,90m. As paredes dos sanitários e camarins e cabina de projeções foram demolidas e novas paredes foram executadas na lateral norte dando espaço para corpo de serviço chamado de corpo 2(sanitários masculino e feminino, local camarins com banheiro. As paredes novas foram executadas em alvenaria de tijolos maciços assentadas com argamassa de cal, cimento, areia. A parede divisória do palco foi executada em lambris de madeira tipo calha.
O telhado constituído de madeiramento tipo caibro armado, com telhas tipo canal, galbado (curvatura das extremidades do telhado, que se obtém pelo uso do contrafeito) em beirados laterais em beira-seveira, salvo telhado do banheiro e camarim, incorporados ao prédio contíguo.
O telhado sofreu alteração junto ao frontispício (Fachada principal) pela criação da platibanda e calha e eliminação do pequeno trecho do beirado em beira-seveira, em 1910. O madeiramento do corpo principal foi refeito, mantendo a sua estrutura de caibro armado com aproveitamento das peças em bom estado, substituição do encaibramento, sarrafeamento e ripas, pôr peças bitoladas de eucalipto ou angico tratado em autoclave. O madeiramento do acréscimo foi executado em meia tesoura com sarrafeamento e ripamento nas condições acima para receber telhas canal. O telhado do prédio principal foi refeito com o aproveitamento das telhas existentes, e do acréscimo com telhas usadas.
O frontispício do teatro, com tratamento neoclássico, compõe-se simetricamente com cunhais, envasaduras e frontão derivado do triangular clássico com platibanda sobre o terço inferior das empenas cornijadas. A fachada é ornamentada com uma escultura de águia como pináculo no vértice do frontão e dois coruchéus nas extremidades da platibanda. No centro do tímpano do frontão foi implantados um medalhão composto de moldura circular e máscara no centro. As envasaduras (Base de coluna ou pilastra) compõem de porta central e duas janelas pequenas dispostas simetricamente à porta e ao nível da verga da mesma e um guichê no lado direito junto ao cunhal. Cabe anotar ainda sob a cimalha, a existência de um friso, em cuja extremidade estão gravados, 1848, data de fundação, 1912, data de alteração da fachada. A fachada lateral sul, voltada para a praça compõe-se de pano de alvenaria com três vãos de janelas e entablamento em beira-seveira, tendo junto ao frontão platibanda vazada pôr uma gárgula de laca. A fachada norte, hoje parcialmente dentro do prédio contíguo, apresenta o mesmo entablamento da fachada sul, e a envasadura de duas portas. A fachada posterior compõe-se de oitão liso, com arremate das telhas.
O frontispício foi reformado em 1912, quando foi concluída a modificação do frontão triangular, com o acréscimo de platibanda sobre as empenas, friso sobre a cornija, colocação de ornamentos compostos de coruchéus, medalhão sobre o tímpano, cimalha sobre a porta e colocação de nova porta principal mais alta. A abertura de pequenas janelas elevadas foi executada pôr volta de 1935. As fachadas laterais nesta ocasião foram parcialmente modificadas pela inclusão de platibanda junto do frontão. A fachada sul foi alterada em 1935 com aberturas de vão para colocação de janelas maiores em substituição das pequenas aberturas, elevada de forma variável, segundo foto da época (1924), uma retangular e outra hexagonal, pois segundo informações verbais haviam três janelas hexagonais que foram substituídas pelas atuais.
O revestimento externo em geral é constituído de emboço de barro e reboco de argamassa de cal desempenada com algumas paredes com reboco somente de uma camada de argamassa de cal. O revestimento interno em geral constituído de argamassa de cal. os revestimentos de reboco não foram alterados, somente renovados.
Em 1980, os revestimentos externos das paredes existentes foram recuperados com argamassa de cal desempenados com a substituição de rebocos soltos ou fracos. Os rebocos internos, principalmente da área da platéia foram substituídos pôr rebocos de cimento e areia 1: 3. As paredes novas foram chapiscadas e rebocadas com argamassa de cal e areia peneiradas e desempenadas, exceto os banheiros que foram rebocados com argamassa de cimento e areia 3:1.
O piso da área da platéia, em madeira macho e fêmea 13/2, 5 cm, sobre barroteamento composto em geral de madeira de lei desbastada (tipo cabriúva e angico) e de algumas peças de 8x16 em pinho, apoiadas lateralmente sobre as saliências do embasamento e apoios intermediários constituídos de pilares de tijolos. O piso do palco, elevado com barroteamento de pinho e piso macho e fêmeo de pinho. O piso do camarim e banheiro em cimento alisado, assim como o piso da sala de projeção em cimento alisado sobre a laje de concreto. Rodapés não existem vestígios.
Os pisos originais de madeira foram substituídos pôr madeira macho e fêmea comum, não havendo vestígios dos pisos originais da platéia, palco e camarotes. O vigamento original do piso permanece parcialmente, com a substituição de algumas peças (platéia).
Em 1980, os pisos de madeira foram executados em tabuados de tábuas corridas de angico, cabriúva de largura variável, junta meia madeira. O vigamento do piso foi remanejado com o aproveitamento dos barrotes em bom estado, e as substituições das peças afetadas pôr peças de eucalipto tratado. Tem piso de madeira o vestíbulo, platéia e palco. Os pisos das áreas de serviço (acréscimo) em tijoletas de barro 10x20 em toda a área dos camarins e sanitários assentes com argamassa de cal e areia e cimento sobre contrapiso de concreto de 5cm de espessura.
O forro da platéia em madeira macho e fêmea de pinho 13x12mm, fixos em barroteamento de madeira de lei, diversas bitolas antigas (Cabriúva, canjerana) desbastadas e novas em pinho bitoladas. O forro da sala de projeção em estuque rebocado; do W.C. em tijolo armado e o camarim sem forro. O forro do palco em madeira saia e camisa de tábuas de pinho de 1,5x30cm. O roda-forro em pinho e meia cana junto ao forro.
Da mesma maneira que os pisos, o forro foi totalmente substituído pôr forro macho e fêmea comum, não encontrando vestígio da forma original.
Janelas - constituem-se de dois tipos; janelas pequenas e altas na fachada principal, com caixilho móvel de veneziana e janela com caixilho e veneziana de abrir na fachada sul.
Portas - A porta principal, constituída de folhas de abrir para fora, almofadada, com bandeira móvel em caixilho de abrir para dentro em madeira de lei (Louro). Os marcos maciços. A porta lateral, de vão reto, marcos tipo caixão. A outra porta de vão enfustado e verga curva, com padieira constituída de peça de madeira de lei desbastada. Os marcos e verga de madeira maciça (cabriúva) e folhas tipo calha.
O teatro originalmente não possuía janela (segundo fotos antigas) a não ser pequenas aberturas tipo seteiras na fachada sul e norte (três) vãos abertos sem esquadrias. Acreditamos segundo informações que o teatro tenha tipo originalmente duas portas, uma no centro do frontispício, de verga reta e tipo calha e outra na fachada norte de verga curva. Posteriormente foram abertos os vãos de porta na parede norte uma do palco para o camarim (1910), e outra para a copa do clube (1942). Pôr prospecção encontrou-se vão de porta preenchida na fachada sul, porem não obtivemos informações da época da sua existência e para que tenha servido.
Duas portas principais que data de 1912, em almofada de abrir para fora e bandeira de caixilhos retos de abrir para dentro executada em louro. Porta externa da parede norte em verga arqueada e marcos maciços com folha de abrir tipo calha (não original).
As ferragens originais certamente eram dobradiças de leme e cachimbo e fechadura. As ferragens originais foram substituídas.
Todas as escadas internas construídas toscamente em madeira. A escada que vai do palco para os camarins é de alvenaria de tijolos. Pelo antigo desnível possuía escadaria em alvenaria na porta principal.
Pintura dos rebocos em cal branca; piso óleo vermelho; forro óleo amarelo; janelas e porta principal óleo verde; demais portas cal branca.A pintura original era internamente em cal amarelo ou creme e externamente em cal branca.
A rede elétrica era exposta sobre o forro, quadro de fusíveis de entrada interna. Vestígios de armação de candeeiro de vela de sebo e internamente sem vestígios.
A Instalação sanitária era para o funcionamento de um lavatório e uma bacia sanitária. Em 1980 foi construído o prédio de serviço que abriga sanitários públicos e banheiro para o camarim.
Não existe vestígios de camarotes ou outros móveis fixos. Do mobiliário não obtivemos registros, a ser orais, conforme descrito do seu tipo e disposição no espaço, conforme Marino Josetti a sociedade dissolveu-se em 1913, fazendo cessão de seus bens pôr escritura pública a intendência municipal que conserva em seu salão de honra a luxuosa mobília.
O teatro localizado na esquina da Praça Bento Gonçalves tem em sua frente a implantação da calçada estreita em desnível e obliqúe em relação ao prédio lado esquerdo. O espaço outrora aberto estava ocupado pôr um prédio que desvaloriza e prejudica a Ambientação criada na sua implantação.
O teatro permanece pôr muito tempo como prédio isolado em sua lateral sul para a antiga praça do Mercado, a frente p/rua e a lateral norte para um espaço de terreno que lhe fazia parte. Este espaço aberto permitia um isolamento importante para suas visuais e destaque. Esta situação foi interrompida pela construção da rodoviária em 1942. Em 1980, para o tratamento externo houve a demolição do prédio, onde funcionava em condições precárias a estação rodoviária, e a ocupação deste espaço para a implantação nos fundos, dos serviços de infra-estrutura, sanitários, camarim, etc., em corpo bem mais baixo que o teatro, com os espaços a frente, deixando a fachada norte, livre, o espaço aberto tratado serve para repor a visual do prédio como circulação de saída, acesso a sanitários públicos e camarins. A fim de não interferir e tão pouco prejudicar a visual do prédio nesta área aberta do lado norte, pela criação do corpo de serviço, construiu-se a elevação de parede mural, como anteparo visual.
A Ambientação, composta basicamente do aproveitamento do terreno contíguo e remanejamento da calçada e escadaria da frente para criar uma plataforma de maior largura de acesso. O terreno contíguo criará condições de saída através de área pavimentada e acesso aos sanitários. Escadaria em tijolos maciços, pisos, lajes de arenito. Junto ao muro área com vegetação, manutenção do salso chorão existente e plantio de vegetação baixa nativa.










Reforma de 1980 - Projeto Farroupilha

Pesquisa Histórica do Teatro União, Triunfo, RS

Construído em 1848, sob o nome de Teatro União, posteriormente, em 1897, chamou-se Teatro Sant’Anna, em 1914, Teatro Bento Gonçalves quando nele, foi instalado o primeiro cinema local.
Antes do ano de 1848, coube a Luiz Barreto (deputado, guerrilheiro farroupilha, chefe político local,) desempenhar os encargos de festeiro da paróquia. Sendo assim, em louvor do santo que lhe tocara festejar, teve a incumbência de organizar um programa litúrgico popular e uma representação dramática, que com a falta de teatro, seria realizada num tablado preparado. Seus inimigos, porém criaram dificuldades e o espetáculo fracassou, por falta de um lugar adequado.
Para que a arte teatral não ficasse sob controle da imbecilidade nativa de poucos, resolveu construir um teatro. Esse plano conseguiu amparo moral e material de dignos triunfenses que aliados a Barreto constituíram uma associação, com estatuto orgânico.
Fundada a sociedade, composta de 29 associados, foi adquirido um velho prédio que, demolido, cedeu lugar á construção do Teatro comportando 400 pessoas. O número de sócios fundadores coincide o de camarotes distribuídos em duas ordens em torno da platéia.
A finalidade da instituição era de promover a educação social e artística do meio sem preocupações mercantis. O teatro seria, alem de um centro de diversões, escola civilizadora.
As primeiras representações dramáticas de inauguração e sucessivas, na vigência da “União” tiveram entre outros, Luiz José Ribeiro Barreto, Severino Cunha. Maria Antonia e Maria Luiza da Cunha. Em setembro de 1860, a Companhia Gouveia estreou com o drama “Família Morel”.
Sob a denominação “Arthur Rocha”, a geração que sucedeu a “União” organizou o grupo dramático que em 1873 em diante levou as cenas várias e aplaudidas peças teatrais.
Durante mais ou menos 20 anos, numa fase materialmente decadente para o município, o teatro adormeceu. Em 1899 ressurgiu com a organização do “Grêmio Dramático Damasceno Vieira”. Interrompida a vida ativa-social do Grêmio, em 1904 surgiu o Grupo dramático José Chaves, que se extinguiu após dois anos de existência.
Em 1910, ressurgiu o Grêmio Dramático Damasceno Vieira. Foi organizada a associação com estatutos aprovados e inscritos no registro civil na conformidade do decreto nº 173 de 10 de setembro 1893. A sociedade apossou-se, então, do Teatro ao abandono, instalando nele a sua sede. O velho prédio que quase a ruína, as teias, o lixo o caruncho e a fuligem do tempo foram substituídos pela alvura das tintas revistadoras das paredes, tetos e camarotes que ostentavam colunas esmaltada de azul celeste, com capitéis dourados. Adornou o palco lindo e valioso cenários, o mobiliário em branco com estofados de veludo azul ferrete. A platéia povoava-se de cadeiras e camarins eram construídos.
Em 1912 foi possível executar o revestimento externo do frontispício (fachada principal) e concluir a platibanda, colocando a valiosa porta principal.
Na conformidade da disposição do estatuto, em 1913 a sociedade dissolveu-se fazendo cessão de seus bens, inclusive teatro por escritura publica á intendência municipal que conserva no seu salão de honra a luxuosa mobília assim doada.
No teatro funciona desde 1914 o cinema que, na conformidade do contrato com a intendência municipal, não impede quaisquer manifestações artística.

Fonte: Resenha do Livro “O Município de Triunfo” de Marino Josetti de Almeida

Bento Gonçalves

Nasceu no dia 23 de Setembro de 1788, em Triunfo, na casa de Nº 49, em frente à praça que hoje tem seu nome (antigamente Praça do Mercado). Hoje a casa abriga o Museu Farroupilha.
General, político de expressão marcante da história Rio-Grandense, destacou-se na Guerra da Cisplatina, ao cobrir a retirada do Exército Brasileiro na batalha do Passo do Rosário.
Sua coragem, sua responsabilidade, seu ideal deram-lhe o comando supremo num dos levantes mais significativos que teve o Brasil : a Revolução farroupilha, que se apoderou de Porto Alegre a 20 de Setembro de 1835.
Foi escolhido Presidente da República Rio-Grandense e, tendo em suas mãos os interesses e aspirações do povo gaúcho, comandou vitoriosas as forças farroupilhas em várias operações.
Em Pedras Brancas, hoje Guaíba, faleceu em 18 de Julho de 1847, na casa do seu amigo Gomes Jardim, quando retornava de uma visita à sua terra natal , Triunfo, com o objetivo de rever a casa onde nascera e a visitar a Igreja em que fora batizado.

FREITAS, Fernando de Castro. Triunfo - História, gente e legendas.
ALMEIDA, Marino Josetti de. O município de Triunfo.
FREITAS, José L. Triunfo na história do Rio Grande do Sul

Arquivo Histórico do RGS

Triunfo e a Revolução Farroupilha

Acontecimento importante para o Brasil, para o Rio grande do Sul e para Triunfo. Movimento organizado pelos gaúchos chefiados por Bento Gonçalves da Silva, contra o Governo Regencial. Iniciou-se em 20 de Setembro de 1835 e terminou em 01 de Março de 1845.

Para Triunfo tem especial significado: primeiro porque Bento Gonçalves era Triunfense, segundo porque aconteceram vários combates em Triunfo como:

* Na Ilha do Fanfa: Iniciou-se no dia 02 de Outubro, estendendo-se até 4 de Outubro de 1836; As tropas Farroupilhas eram comandadas por Bento Gonçalves e as Imperiais por Bento Manoel Ribeiro. Chamou-se o combate dos "dois Bentos". A vitória ficou com as tropas Imperiais.

* Combate do Pontal: Inciou-se em 22 de Maio de 1837. Os Farrapos comandados pelo Tenente Diogo Máximo de Souza e os Imperiais pelo Capitão Manoel Jacinto, pegos de surpresa os Farroupilhas foram dizimados após terrível combate.

* Combate da Vila de Triunfo: neste combate, os Farrapos tiveram a vitória após tremenda luta de lança, espada, corpo a corpo. Os Imperiais eram comandados pelo Coronel Gabriel Gomes Lisboa e os farrapos pelo General Antônio de Souza Neto. Esse combate ocorreu no dia 12/10/1837.

Acontecimentos:

17/09/1836: Bento Gonçalves é atacado por Bento Manoel Ribeiro, perto de Triunfo, sem vencedores.

12/08/1837: Triunfo em poder dos Farrapos.

31/01/1838: No rio Caí, os Farrapos tomam dois canhões dos Imperiais.

28/02/1839: Chico Pedro derrota os rebeldes no rio Caí.

23/06/1842: Combate em Triunfo.

03/11/1842: Joaquim Pedro Soares tenta sem êxito tomar Triunfo aos Farroupilhas.

26/12/1842: Derrota Farroupilha em Triunfo.

29/12/1844: Último combate da Revolução Farroupilha.

Quando ocorreu a Revolução, Triunfo foi muito prejudicada pelo Governo Regencial, enfrentando sérias dificuldades financeiras. Muitos estancieiros perderam escravos, animais e até suas propriedades foram confiscadas. Deve-se acrescentar que isso não ocorreu só em Triunfo, mas em todos os municípios que ficaram ao lado dos Farrapos contra as forças Imperiais.

As principais causas do movimento foram: os desmandos do Governo Regencial, Gaúchos não aceitaram o Presidente da Província que tinha sido nomeado para o Rio Grande do Sul pelo Governo e pelos altos impostos cobrado em cima dos produtos gaúchos, como o charque e o gado.

Em 1836, os rebeldes (Farrapos) proclamaram a República Rio-Grandense, com sede na Vila de Piratini. Seu Presidente era Bento Gonçalves. Em 1839, os Farroupilhas fundaram outra República independente: a República Juliana, com capital em Laguna, Santa Catarina. Também forma capitais Farroupilhas: Caçapava e Alegrete.

Fonte: Arquivo Histórico do RGS

FREITAS, Fernando de Castro. Triunfo - História, gente e legendas.

ALMEIDA, Marino Josetti de. O município de Triunfo.

FREITAS, José L. Triunfo na história do Rio Grande do Sul

Pesquisa Histórica da Cidade de Triunfo, RS

Os primitivos habitantes da zona que hoje constituí o município de Triunfo foram os índios Patos, cuja memória está representada em vários objetos de seu uso, que compõem o rico acervo do Museu Farroupilha, insatalado na casa onde nasceu o grande herói Bento Gonçalves da Silva. A região também sofreu incursões de outras tribos indígenas como os Minuanos, Charruas e Tapes. Com a chegada dos Portugueses, os índios forma abandonando suas terras e marinhando pelos rios, subindo às suas nascentes e estabelendo-se às suas margens.

O povo de Triunfo nasceu de duas sesmarias doadas pelo então Governador Geral da Capitania do Rio Grande do Sul, General Gomes Freire de Andrade, no ano de 1752, localizadas entre o rio Taquari e seu afluente arroio Capote e o antigo arroio da Ponte. Pertenciam elas a Manoel Gonçalves Meirelles e a Francisco da Silva, ambos casados com filhas de Jerônimo de Ornellas Menezes e Vasconcellos, povoador inicial de Porto Alegre, e que para aí seguiria por volta de 1754, logo após a instalação dos casais açorianos em suas terras desapropriadas no Porto de Viamão.

Em 1757, Jerônimo de Ornellas, primeiro sesmeiro e fundador de Porto Alegre, veio com seus familiares morar no rossio da Freguesia do Senhor Bom Jesus do Triunfo, aonde veio a falecer em 1771.

Manoel Gonçalves Meirelles era casado com Dona Antônia da Costa Barbosa, filha de Jerônimo de Ornellas e sua esposa Dona Lucrecia Leme Barbosa; casara em Viamão e batizara seus seis primeiros filhos, nascidos no Porto do Dornelles, também em Viamão, entre 1743 e 1754.

Pouco antes, havia Meirelles obtido a sesmaria no Triunfo, local que ele denominara Piedade e onde estabeleceu a sede da estância e pequeno povoado. (Sesmaria da Piedade: o significado de 'Piedade', voltando à época, onde tudo era desabitado, entende-se como um pedido de fé, amparo e piedade aos seus, por estarem num lugar tão sozinhos).

Meirelles faleceu em Triunfo, a 28 de Agosto de 1777. De sua sexta filha, Dona Perpétua da Costa Meirelles, casada com o Capitão Joaquim Gonçalves da Silva, português da Santa Marinha Real, nasceu Bento Gonçalves da Silva.

No ano de 1754, foi requerida a criação da Capela do Senhor Bom Jesus do Triunfo. Em 1756, Jerônimo de Ornellas levantou a bela Igreja Matriz, dando assim, origem ao povoado que teria na história do Rio Grande do Sul, papel importante, sobretudo pelo nascimento de filhos que glorificaram e engrandeceram o povo gaúcho.

A portaria de 4 de Setembro de 1756, determinada pelo Bispo do Rio de Janeiro, Dom Antônio do Desterro, determina que o Padre Tomás Clarque organize a terceira paróquia do Rio Grande do Sul, instalando-a em 9 de Janeiro de 1957, e traçando-lhes os limites, escolhendo o lugar da sede da igreja e também o padroeiro. E dessa época em diante, o lugar começou a chamar-se Freguesia do Bom Jesus do Triunfo.

Triunfo, nem sempre se chamou assim. A região teve como primeira denominação Forquilha: nome proveniente do encontro dos rios Taquari e Jacuí.

O município de Bom Jesus do Triunfo e a elevação à categoria de Vila foi criado pelo Decreto da Regência em nome do Imperador Dom Pedro II, de 25 de Outubro de 1831. A elevação à categoria de cidade ocorreu em 31 de Março de 1938, pelo Decreto Estadual 7199.

Desde os primórdios, a cidade de Triunfo, ficou estreitamente ligada a historia de nosso Estado, pois sua origem provém diretamente da introdução de casais açorianos.

Foi a partir do século seguinte, XIX, que considerado uma das melhores Vilas da Província, entrou para a página mais brilhante de nossa história, dando-nos heróis da estirpe de Bento Gonçalves da Silva, Luiz José Ribeiro Barreto, Manoel José de Leão, Pe. Juliano de faria Lobato, Mingote Martins e outras figuras importantes.

Durante a Revolução Farroupilha foram travados violentos conflitos nos campos de Triunfo a na Sanga da Ilha do Fanfa, onde foi Preso a 4 de Outubro de 1836, o General Bento Gonçalves.

LINHA DO TEMPO

1742 - Presenças indígenas (índios Patos)

1747 - Chegada de Manoel Gonçalves Meirelles

1752 - Oficializações da posse da sesmaria

1756 - Desmembramentos de Viamão

1757 - Chegada do Pe. Tomás Clarque - 1o Pároco de Triunfo

1818 - Lavração do ato de medição e demarcação de meia légua quadrada - primeiros passos para a criação do Município

1831 - Elevação de Triunfo à categoria de Município

1835 - Início da Revolução Farroupilha

1845 - Término da Revolução Farroupilha

1849 - Nascimento da sociedade do Teatro Particular da Villa de Triumpho

1976 - Instalação do Pólo Petroquímico

1991 - Visita do Cônsul e Consulesa dos Açores.

1992 - Inauguração do SENAI - Criação de Distrito Industrial e Comercial destinado ao Mercosul

INFLUÊNCIA AÇORIANA

A influência dos ilhéus neste Município é visível e inconfundível. Andar pelo núcleo da Cidade é um verdadeiro passeio pelo arquipélago das Ilhas. As janelas tipo guilhotina, as casas junto às calçadas e a Pomba do Divino (duas telhas levantadas nas cumeeiras, pedindo proteção ao Divino Espírito Santo), são marcas que evidenciam nas construções a crendice religiosa, a praticidade e a aristocracia que ora reinou em Triunfo, trazidas e vividas pelos açorianos nestas terras.

Aqui encontramos ainda, o Império (único ainda de pé no estado) onde se cultivava o Divino Espírito Santo, construção genuinamente açoriana.

Segundo José de Araújo Fabrício; a Freguesia de Nosso Senhor Bom Jesus do Triunfo (revista do Instituto Histórico e Geográfico do RS, 1948, POA), vieram das Ilhas dos Açores para este Município, até 1786, 164 pessoas, ou seja, a metade da população local na época.

A colonização Açoriana em Triunfo data de 1752 e 1753, formando assim um núcleo populacional definitivo na criação urbana, isto é, a gente das Ilhas é que foi a população civil em torno da fortaleza, do acampamento, da igreja, etc.

Os habitantes de Triunfo ainda trazem muitas marcas dos Açorianos, esses habitantes têm em comum com os Ilhéus: a melancolia, o gosto pelas águas e pela pesca, a religiosidade, o gosto pela natureza, etc.